O Mapeamento Jardinagem territorialidade, composto por trabalhos de arte e ativismo, está sendo realizado desde 2015 pelas artistas e pesquisadoras Faetusa Tezelli e Gabriela Leirias. Se iniciou durante o projeto Jardinagem: territorialidade, temporalidade e ato político e tem como principal objetivo fazer um levantamento e dar visibilidade a trabalhos, práticas e processos que envolvem a natureza e a jardinagem, e assim, investigar a diversidade e as potencialidades de produções dos últimos 10 anos.
Para tal pesquisa entendemos a jardinagem como possibilidade e potencialidade de elaboração poética, muitas vezes crítica, que não se limita a um tema, mas que pode criar e desenvolver abordagens, linguagens e estéticas singulares.
A jardinagem pode estar presente como intervenção nos espaços públicos, como extensão das trocas e afetos que ocorrem em jardins íntimos na casa, conectando o espaço da casa e da rua. Como criação de lugares de pertencimento, territorialidades e experimentação de outras temporalidades, modos de apropriação prática e simbólica dos espaços. Deste modo, a jardinagem também pode ser pensada como agenciamento de propostas relacionais e como ativação de micropolíticas e territórios existenciais.
Adotamos como critérios do mapeamento trabalhos, práticas e processos que envolvam diferentes modos de operar prática e conceitualmente a noção de jardinagem. Consideramos alguns aspectos e características que em alguns trabalhos se somam e se misturam.
Durante a organização do mapeamento elencamos 6 diferentes contextos sem limites definidos. Cada trabalho está inserindo em um desses contextos que evidencia um aspecto preponderante da poética desenvolvida pelo artista, mas que pode se relacionar com os demais.
A descrição dos trabalhos em sua maioria é feita em primeira pessoa, nas palavras do próprio artista e, salvo algumas exceções, com imagens selecionadas pelos mesmos. Trabalhamos em colaboração com os artistas e abertos a indicações e sugestões dos participantes.
Agradecemos a participação de todos os envolvidos.
Faetusa Tezelli e Gabriela Leirias – 2016
CONTEXTOS:
(1) Jardinagem tática e paisagismo crítico
Trabalhos que envolvem uma dimensão política e de embate com as condições reais e cotidianas do espaço público.
Jardinagem tática: Ações diretas no espaço público cuja organização se dá de forma orgânica sem formato definido, sem projeto, sem hierarquia, sem recursos, sem autorização, e por vezes sem definição de autoria.
Paisagismo crítico: Projetos de ocupação de espaços públicos, intervenção no planejamento urbano a partir de propostas de paisagismo com conteúdos críticos e simbólicos em relação ao lugar trabalhado.
(2) Outros espaços
Trabalhos que ocupam ou se apropriam de espaços “entre”, que não se caracterizam como espaço público ou privado, que se infiltram em brechas e fendas, limites e fronteiras entre dentro e fora.
(3) Jardins subjetivos e jardins imateriais
Proposições que abordam territorialidades mas que não necessariamente envolvam o ato da jardinagem, e sim a instauração de espaços poéticos e críticos. São provocações, ritos, trocas, lugares de encontros, diálogos, cultivos afetivos, deslocamentos.
(4) Corpo cultivo e Escultura cultivo
Trabalhos e práticas que envolvem o cultivo experimental e a investigação de jardins em diferentes formas e formatos, de micro cultivos a ambientes íntimos, cuja escala e a experiência do corpo são parte essencial da criação. São objetos, ações ou performances que conectam poeticamente o corpo e a terra.
(5) Projetos
Ações, processos, programas e metodologias que podem ser aplicados em diferentes contextos e territórios. Se utilizam muitas vezes de múltiplas linguagens e poéticas transdisciplinares e são abertos à participação e à colaboração.
(6) Comunidade
Trabalhos que envolvem uma dimensão política e de embate com as condições reais e cotidianas de comunidades específicas. São formas de participação e apropriação dos espaços da cidade a partir de ações ativistas e/ou colaborativas com a participação de pessoas que habitam ou frequentam o lugar e seu entorno. Podem abarcar discussões sobre Agricultura urbana; Sementes livres; Plantios; Hortas; Compartilhamento de práticas; Trocas de saberes; Resgate de memórias e tradições.